A ESTRADA DE FERRO
A estrada de ferro
tritura ilusões,
come planícies, bebe descampado
e leva dentro de seus vagões
os homens e o gado
Um dia, sem discursos
nem sermões,
tudo foi confiscado e leiloado,
descampado, planícies e vagões,
planícies, vagões e descampado.
Tudo como laranjas ou
limões
nas banquetas de um
mercado.
Tudo para aumentar
confusões,
tudo com nevoeiro
misturado
– e quem comprou os vagões
comprou os homens e o
gado.
Sidônio Muralha, OS OLHOS DAS
CRIANÇAS, 1963, São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário